Antonio A. de Sá Neto
Muito se tem falado sobre se
seguir ao Cristo, ter-se Jesus no coração, ser Cristão, discípulo
de Jesus Cristo, etc. Dentre todas essas definições, uma indagação
paira nas nossas mentes: o que é ser Cristão na legítima acepção
do termo?
Seria
aceitar o batismo, como asseveram os católicos? Seria aceitar Jesus
como salvador, tal como asseveram as escolas religiosas da linha
protestante? Enfim, em essência, o que seria ser discípulo do
Cristo visto do ponto de vista essencialmente Cristão?
O
sentido desse texto é apontar algumas reflexões de modo a se
nortear o sentido de ser Cristão visto pela ótica da essência
espírita-cristã. Iremos observar algumas características da
mensagem cristã com os esclarecimentos espíritas de modo a se fazer
uma luz para a questão de ser cristão.
Precisamos lembrar que a
essência da mensagem do Cristo é a promoção da vida e o respeito
à vida em todos os seus aspectos. Pois Jesus em uma das passagens do
seu evangelho proclama que ele veio para que “as pessoas tivessem
vida, e vida em abundância” (Evangelho de João, Capítulo 10; v.
10). Podemos então concluir que qualquer atitude que seja ameaça ou
prejuízo à vida é uma atitude anti-cristã. A ética cristã é,
antes de tudo, uma atitude de promoção e cuidado para com a vida.
Não se pode ser cristão, quando humilhamos, desprezamos, excluímos,
agredimos, agimos egoisticamente, etc. A atitude cristã nos exorta a
sermos responsáveis pela vida em toda sua essência, não agredindo
de forma alguma, nem psicológica, nem física nem moralmente. O
cristão tem como filosofia de vida promover o bem-estar de todos os
seres viventes. Qualquer coisa que bata de frente com essa proposta
pode ser definida de várias formas, porém jamais poderá receber a
definição de Cristã. Essa proposta está definida com uma clareza
cristalina quando Jesus assevera que a lei de Deus está sintetizada
no “amar a Deus acima de todas as coisas e amar ao teu próximo
tanto quanto a ti mesmo” (Evangelho de Mateus, Capítulo 22; vv,.
34 a 40).
Há uma necessidade imperiosa de
educar-se a mente. Muitos hábitos cristalizados no nosso
comportamento são nocivos, mas, como estamos extremamente habituados
a eles não percebemos as conseqüências danosas para o nosso viver.
Fumar e consumir bebida alcoólica por exemplo, são vícios aceitos
individualmente e até mesmo socialmente, porém o fato de ser aceito
não exime o indivíduo de ter como conseqüência danosa os
prejuízos para a estrutura do corpo físico e espiritual que tais
vícios acarretam. Isso é somente um exemplo. Quantos problemas
sociais estão ocorrendo simplesmente por que as pessoas se furtam à
responsabilidade dos seus erros e vícios, sendo tais indivíduos
extremamente levianos e inconseqüentes em relação ao próximo? É
preciso saber que nem tudo que é socialmente aceito é
necessariamente ético, no que diz respeito à perspectiva
cosmoética; Jesus advertiu os fariseus disso, já que os mesmos eram
extremamente exigentes quanto a normas sociais, quando eles os
criticaram por comer com mão não lavadas, asseverando que “não é
o que entra na boca do homem que o torna impuro, e sim o que sai,
porque da boca sai do que está cheio o coração, e é do coração
que provém todos os atos impuros”.
É preciso ter-se em mente que
não podemos agir levianamente nem mundanamente com relação à
vida, equipando-se de responsabilidade perante nossos atos e buscando
harmonizar-se conosco mesmo para podermos assim harmonizados poder
compartilhar nosso bem-estar para o nosso semelhante, levando assim
as criaturas humanas a um estado de bem-estar e saúde que promovem a
vida e a valorizam.
Que possa o amado mestre Jesus
dulcificar o nosso coração, humanizando-nos e fazendo-nos vermos
Deus sobranceiro e tranqüilizador, já que ele é a causa da
existência universal, sendo Deus a mente cósmica de onde tudo
provém. Harmonizar-se com Deus é harmonizar-se com a própria vida.
Toda a mensagem do Cristo tem como meta primordial a metanóia que é
a mudança de consciência para um estado de amor bondoso, tranqüilo
e lúcido. Tal atitude leva o indivíduo a respeitar a vida e
valorizá-la, sendo conseqüentemente tais atos, atos de amor a Deus,
a fonte de onde tudo provém.
Possa o homem se munir de
coragem para fazer o auto-descobrimento e assim galgar os passos que
o levam à angelitude e a excelsitude do amor a si mesmo e ao
próximo; somente assim ele pode se libertar do círculo
reencarnatório e atingir o status de espírito puro,
conquistando efetivamente a sua essência divina, em identificação
com a vida e o bem-estar de todos os seres. Esse o mister que todos
devem almejar, a causa essencial da existência universal.
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