domingo, 16 de janeiro de 2011

O que significa ser discípulo do Cristo


Antonio A. de Sá Neto



Muito se tem falado sobre se seguir ao Cristo, ter-se Jesus no coração, ser Cristão, discípulo de Jesus Cristo, etc. Dentre todas essas definições, uma indagação paira nas nossas mentes: o que é ser Cristão na legítima acepção do termo?
Seria aceitar o batismo, como asseveram os católicos? Seria aceitar Jesus como salvador, tal como asseveram as escolas religiosas da linha protestante? Enfim, em essência, o que seria ser discípulo do Cristo visto do ponto de vista essencialmente Cristão?
O sentido desse texto é apontar algumas reflexões de modo a se nortear o sentido de ser Cristão visto pela ótica da essência espírita-cristã. Iremos observar algumas características da mensagem cristã com os esclarecimentos espíritas de modo a se fazer uma luz para a questão de ser cristão.
Precisamos lembrar que a essência da mensagem do Cristo é a promoção da vida e o respeito à vida em todos os seus aspectos. Pois Jesus em uma das passagens do seu evangelho proclama que ele veio para que “as pessoas tivessem vida, e vida em abundância” (Evangelho de João, Capítulo 10; v. 10). Podemos então concluir que qualquer atitude que seja ameaça ou prejuízo à vida é uma atitude anti-cristã. A ética cristã é, antes de tudo, uma atitude de promoção e cuidado para com a vida. Não se pode ser cristão, quando humilhamos, desprezamos, excluímos, agredimos, agimos egoisticamente, etc. A atitude cristã nos exorta a sermos responsáveis pela vida em toda sua essência, não agredindo de forma alguma, nem psicológica, nem física nem moralmente. O cristão tem como filosofia de vida promover o bem-estar de todos os seres viventes. Qualquer coisa que bata de frente com essa proposta pode ser definida de várias formas, porém jamais poderá receber a definição de Cristã. Essa proposta está definida com uma clareza cristalina quando Jesus assevera que a lei de Deus está sintetizada no “amar a Deus acima de todas as coisas e amar ao teu próximo tanto quanto a ti mesmo” (Evangelho de Mateus, Capítulo 22; vv,. 34 a 40).
Há uma necessidade imperiosa de educar-se a mente. Muitos hábitos cristalizados no nosso comportamento são nocivos, mas, como estamos extremamente habituados a eles não percebemos as conseqüências danosas para o nosso viver. Fumar e consumir bebida alcoólica por exemplo, são vícios aceitos individualmente e até mesmo socialmente, porém o fato de ser aceito não exime o indivíduo de ter como conseqüência danosa os prejuízos para a estrutura do corpo físico e espiritual que tais vícios acarretam. Isso é somente um exemplo. Quantos problemas sociais estão ocorrendo simplesmente por que as pessoas se furtam à responsabilidade dos seus erros e vícios, sendo tais indivíduos extremamente levianos e inconseqüentes em relação ao próximo? É preciso saber que nem tudo que é socialmente aceito é necessariamente ético, no que diz respeito à perspectiva cosmoética; Jesus advertiu os fariseus disso, já que os mesmos eram extremamente exigentes quanto a normas sociais, quando eles os criticaram por comer com mão não lavadas, asseverando que “não é o que entra na boca do homem que o torna impuro, e sim o que sai, porque da boca sai do que está cheio o coração, e é do coração que provém todos os atos impuros”.
É preciso ter-se em mente que não podemos agir levianamente nem mundanamente com relação à vida, equipando-se de responsabilidade perante nossos atos e buscando harmonizar-se conosco mesmo para podermos assim harmonizados poder compartilhar nosso bem-estar para o nosso semelhante, levando assim as criaturas humanas a um estado de bem-estar e saúde que promovem a vida e a valorizam.
Que possa o amado mestre Jesus dulcificar o nosso coração, humanizando-nos e fazendo-nos vermos Deus sobranceiro e tranqüilizador, já que ele é a causa da existência universal, sendo Deus a mente cósmica de onde tudo provém. Harmonizar-se com Deus é harmonizar-se com a própria vida. Toda a mensagem do Cristo tem como meta primordial a metanóia que é a mudança de consciência para um estado de amor bondoso, tranqüilo e lúcido. Tal atitude leva o indivíduo a respeitar a vida e valorizá-la, sendo conseqüentemente tais atos, atos de amor a Deus, a fonte de onde tudo provém.
Possa o homem se munir de coragem para fazer o auto-descobrimento e assim galgar os passos que o levam à angelitude e a excelsitude do amor a si mesmo e ao próximo; somente assim ele pode se libertar do círculo reencarnatório e atingir o status de espírito puro, conquistando efetivamente a sua essência divina, em identificação com a vida e o bem-estar de todos os seres. Esse o mister que todos devem almejar, a causa essencial da existência universal.

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