domingo, 2 de janeiro de 2011

Teoria das Supercordas


Teoria das Supercordas
 
Antônio de Pádua G. Barbosa

TEORIA CIENTÍFICA, AINDA EM DESENVOLVIMENTO, CASO COMPROVADA, TRARÁ MAIS EXPLICAÇÕES AOS QUESTIONAMENTOS SOBRE PARTÍCULAS ELEMENTARES
Foi com muita satisfação que li o artigo "O Microcosmo", no qual o confrade Oswaldo Iório atende ao convite feito por mim no artigo "As Cordinhas", para que nós espíritas estabelecêssemos um debate visando a nos tornar mais esclarecidos e atualizados em relação ao progresso científico e sua convergência com os ensinamentos evangélicos. Em um outro artigo, publicado em junho de 2000, eu chamei a atenção para o fato de as pessoas que têm algum tipo de formação tecnológica e que são espíritas terem a oportunidade de, se interessando pela pesquisa a respeito dos fenômenos naturais, poderem obter conclusões em seus trabalhos, somando os ensinamentos e tomando por base os critérios que ambos -- conhecimento científico e conhecimento doutrinário -- lhes podem proporcionar: provas experimentais, lógica, justiça e moralidade. Todas as comparações que possamos fazer entre as mais recentes teorias da Física Moderna e os ensinamentos evangélicos devem ser entendidas como sendo objeto do campo das especulações teóricas, devem a ele ficar restritas e devem servir, acima de tudo, para nos mostrar que esses dois pilares do conhecimento humano seguem na mesma direção e sentido, concordando eventualmente em alguns pontos e, assim sendo, nos levando a crer que, no futuro, farão parte da mesma trilha, rumo à verdade.
No caso específico das "cordinhas", devo esclarecer que, apesar de eu ter usado essa denominação simples e até jocosa, o assunto se refere à Teoria das Supercordas, que atualmente é motivo de grande atenção, tanto por parte dos meios acadêmicos, quanto do público em geral interessado em assuntos científicos, nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia. A mim, essa teoria chamou a atenção em um artigo da Revista Superinteressante de julho de 1999, no qual era anunciado um Congresso Internacional -- Strings 99 -- onde compareceriam cerca de 400 físicos e matemáticos, a ser realizado no Instituto Max Planck, em Postdam, Alemanha. Esse naipe de cientistas seria comandado pelo americano Murray Gell-Mann, vencedor do Nobel de 1969 e criador da Teoria dos Quarks.
A Teoria das Supercordas surgiu para tentar esclarecer alguns aspectos do comportamento das partículas elementares, para os quais a Mecânica Quântica e a Teoria Geral da Relatividade apresentaram algumas dificuldades ao tentar explicá-los. Apesar de a Física das Partículas Elementares ter obtido muito sucesso ao se utilizar da Teoria Quântica para descrever o comportamento e as propriedades dessas partículas, essa teoria somente funciona bem quando a gravidade é tão fraca, que pode ser desprezada ou mesmo assumida a sua não existência. A Teoria da Relatividade Geral de Einstein, que engloba a Lei da Gravitação Universal de Newton, é capaz de descrever muito bem as órbitas dos planetas, a evolução das estrelas, o "Big Bang" e até os buracos negros; entretanto, para que essa teoria seja satisfeita, é necessário que o seu Universo seja totalmente clássico (Newtoniano) e que a Mecânica Quântica não faça parte da Natureza Universal. O grande desafio da Física atualmente é unificar essas duas teorias básicas: a Teoria Quântica e a Teoria da Relatividade, numa teoria completa a respeito das partículas subatômicas. Existem, atualmente, várias teorias ou modelos parciais que descrevem muito bem certos aspectos dos fenômenos subatômicos, ainda que não completamente. A Teoria das Supercordas, com certeza, também tem suas deficiências, mas ela pode servir de elo entre a Mecânica Quântica e a Relatividade Geral (e a gravidade) para explicar o comportamento de partículas que interagem em um ponto singular do espaço-tempo à "distância zero" uma das outras, como acontece no interior dos núcleos atômicos. Como essas partículas tão infinitamente pequenas, com massa quase zero, e que, por esse motivo, não deveriam apresentar um efeito gravitacional forte, podem estar tão próximas umas das outras? Os físicos têm tentado encontrar uma explicação para esse paradoxo há muito tempo e costumam chamar esse efeito gravitacional, ainda inexplicável, de Gravidade Quântica.
Se a Teoria das Supercordas vier a ser considerada uma "Teoria da Gravidade Quântica", então o tamanho médio de uma corda deverá estar perto do comprimento da gravidade quântica, também chamado de Planck, que é da ordem de 10-33cm (1cm dividido por 1, seguido de 33 zeros) e para a sua vibração, que seria a origem das partículas fundamentais, causar o efeito gravitacional, complementando as explicações quânticas a respeito das partículas fundamentais e estendendo a abrangência da Teoria Geral da Relatividade de Einstein do Macrocosmo até o Microcosmo, sua tensão deverá ser da ordem de 10 toneladas (1 seguido de 39 zeros). Eu também acredito que essa teoria tenha sido, em parte, resultado de alguma inspiração, assim como todas as grandes descobertas, sejam científicas ou não; mas para chegar a essas conclusões relativas ao tamanho das "cordinhas", eles, pesquisadores, fizeram cálculos com base no valor do Comprimento de Planck, como já abordei anteriormente e, por isso, admitem que o comprimento das cordinhas seja ainda menor que essa distância, pois elas, cordinhas, foram aventadas para que a Mecânica Quântica e a Gravidade pudessem ser compatíveis, quando a distância entre as partículas fundamentais fosse tão pequena ou menor que o número estabelecido pelo Comprimento de Planck. Assim se estimou o tamanho das cordinhas sem ainda terem obtido condições tecnológicas de "enxergá-las". O mesmo artigo da Superinteressante informa ainda que se espera confirmar a existência das supercordas no acelerador de partículas do Conselho Europeu de Pesquisa Nuclear, até 2005.
A Teoria das Supercordas é uma teoria ainda em desenvolvimento e não é pretensão dos físicos que ela venha a dar tudo como explicado e resolvido, com relação à origem do que é considerado como matéria; e os cientistas sabem que só o surgimento dessa teoria não os faria ter chegado ainda a qualquer limite em termos do Microcosmo. Mas nós, que, além de nos interessarmos por essas questões de ordem técnica, somos também discípulos de Allan Kardec, podemos especular e aventar para a hipótese de que, caso a Teoria das Supercordas venha a ser comprovada, nós teríamos, para alguns "milagres" de Jesus, mais uma explicação, além das já existentes, conforme eu propus no artigo "As Cordinhas", publicado na Revista Internacional de Espiritismo de março de 2000.
Esse assunto é muito complexo e, em meu pensamento, foge ao escopo do que pretendemos nós, tecnólogos-espíritas, que apenas estamos tentando cometer, cada vez mais, menos erros, em nossos aprendizados morais e intelectuais, buscando, porém, explicações que se encaixem em nossos raciocínios, ainda que estes sejam por ora muito mecanicistas. Vale a pena ressaltar também que, segundo alguns pesquisadores, a Teoria das Supercordas não é uma teoria pronta e definitiva, e ela hoje é subdividida em vários caminhos, nos quais as variáveis são as mais diversas, indo desde o formato das cordas (aberto ou fechado), o tipo de partículas elementares a que elas dariam origem (bósons, férmions ou ambos), até o número de dimensões no espaço-tempo para que a teoria fosse possível (de 10 a 26 dimensões). E nós, espíritas, ainda teríamos mais um componente a acrescentar nessa "sopa quântica": o componente moral, advindo do elemento espiritual que, sabemos nós, é quem verdadeiramente faria vibrar as cordinhas, caso elas realmente existam.
Por que meio o elemento espiritual poderia atuar sobre a vibração das supercordas? A meu ver, essa atuação se faria pelo sentimento do qual é possuidor. Porque é no seu sentimento que as ações do princípio inteligente (oriundo do elemento geral espiritual) se originam. Quando o princípio inteligente, já um espírito formado, atinge o grau de pureza no qual os meios que ele utiliza para interagir e se comunicar com os outros espíritos e com o ambiente ao qual pertence, sejam eles meios físicos, verbais ou mentais, dispensam o uso do raciocínio para serem postos em ação, ele, espírito, terá, nessa altura, as condições necessárias para cooperar no progresso de criação universal. Os espíritos que atingem tal grau de pureza são muito avançados, tanto moral, quanto intelectualmente, mas como a ação do sentimento não depende somente do conhecimento científico-intelectual, os que agem sob o comando direto do sentimento puro que abriga o amor e a caridade, conseguem, através desse sentimento, atuar sobre as cordinhas, ainda que sejam, em escala intelectual, tão ignorantes quanto nós todos encarnados nesse planeta expiatório. Sua ação sentimental será levada através da escala evolutiva dos espíritos superiores até aqueles que têm conhecimento científico-intelectual suficiente para realizar o desejo que se originou em seu coração amoroso. Daí, não sejam de se admirar as proezas realizadas pelo médium Mirabelli, descritas pelo nosso irmão Iório.
Essa teoria, se por um lado nos dá esperança de que nós podemos ser agentes fazedores de "milagres", também nos mostra que não é preciso que estejamos tão evoluídos intelectualmente para iniciar esses feitos; podemos começar agora; basta agir com o sentimento do amor e da caridade verdadeira e deixar por conta dos maestros da orquestra quântica celestial o vibrante toque das cordinhas.

Fonte: Revista Internacional de Espiritismo - Fev/2001

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