Teoria
das Supercordas
Antônio
de Pádua G. Barbosa
TEORIA
CIENTÍFICA, AINDA EM DESENVOLVIMENTO, CASO COMPROVADA, TRARÁ MAIS
EXPLICAÇÕES AOS QUESTIONAMENTOS SOBRE PARTÍCULAS ELEMENTARES
Foi com muita
satisfação que li o artigo "O Microcosmo", no qual o
confrade Oswaldo Iório atende ao convite feito por mim no artigo "As
Cordinhas", para que nós espíritas estabelecêssemos um debate
visando a nos tornar mais esclarecidos e atualizados em relação ao
progresso científico e sua convergência com os ensinamentos
evangélicos. Em um outro artigo, publicado em junho de 2000, eu
chamei a atenção para o fato de as pessoas que têm algum tipo de
formação tecnológica e que são espíritas terem a oportunidade
de, se interessando pela pesquisa a respeito dos fenômenos naturais,
poderem obter conclusões em seus trabalhos, somando os ensinamentos
e tomando por base os critérios que ambos -- conhecimento científico
e conhecimento doutrinário -- lhes podem proporcionar: provas
experimentais, lógica, justiça e moralidade. Todas as comparações
que possamos fazer entre as mais recentes teorias da Física Moderna
e os ensinamentos evangélicos devem ser entendidas como sendo objeto
do campo das especulações teóricas, devem a ele ficar restritas e
devem servir, acima de tudo, para nos mostrar que esses dois pilares
do conhecimento humano seguem na mesma direção e sentido,
concordando eventualmente em alguns pontos e, assim sendo, nos
levando a crer que, no futuro, farão parte da mesma trilha, rumo à
verdade.
No caso específico
das "cordinhas", devo esclarecer que, apesar de eu ter
usado essa denominação simples e até jocosa, o assunto se refere à
Teoria das Supercordas, que atualmente é motivo de grande atenção,
tanto por parte dos meios acadêmicos, quanto do público em geral
interessado em assuntos científicos, nos Estados Unidos, na Europa e
na Ásia. A mim, essa teoria chamou a atenção em um artigo da
Revista Superinteressante de julho de 1999, no qual era anunciado um
Congresso Internacional -- Strings 99 -- onde compareceriam cerca de
400 físicos e matemáticos, a ser realizado no Instituto Max Planck,
em Postdam, Alemanha. Esse naipe de cientistas seria comandado pelo
americano Murray Gell-Mann, vencedor do Nobel de 1969 e criador da
Teoria dos Quarks.
A Teoria das
Supercordas surgiu para tentar esclarecer alguns aspectos do
comportamento das partículas elementares, para os quais a Mecânica
Quântica e a Teoria Geral da Relatividade apresentaram algumas
dificuldades ao tentar explicá-los. Apesar de a Física das
Partículas Elementares ter obtido muito sucesso ao se utilizar da
Teoria Quântica para descrever o comportamento e as propriedades
dessas partículas, essa teoria somente funciona bem quando a
gravidade é tão fraca, que pode ser desprezada ou mesmo assumida a
sua não existência. A Teoria da Relatividade Geral de Einstein, que
engloba a Lei da Gravitação Universal de Newton, é capaz de
descrever muito bem as órbitas dos planetas, a evolução das
estrelas, o "Big Bang" e até os buracos negros;
entretanto, para que essa teoria seja satisfeita, é necessário que
o seu Universo seja totalmente clássico (Newtoniano) e que a
Mecânica Quântica não faça parte da Natureza Universal. O grande
desafio da Física atualmente é unificar essas duas teorias básicas:
a Teoria Quântica e a Teoria da Relatividade, numa teoria completa a
respeito das partículas subatômicas. Existem, atualmente, várias
teorias ou modelos parciais que descrevem muito bem certos aspectos
dos fenômenos subatômicos, ainda que não completamente. A Teoria
das Supercordas, com certeza, também tem suas deficiências, mas ela
pode servir de elo entre a Mecânica Quântica e a Relatividade Geral
(e a gravidade) para explicar o comportamento de partículas que
interagem em um ponto singular do espaço-tempo à "distância
zero" uma das outras, como acontece no interior dos núcleos
atômicos. Como essas partículas tão infinitamente pequenas, com
massa quase zero, e que, por esse motivo, não deveriam apresentar um
efeito gravitacional forte, podem estar tão próximas umas das
outras? Os físicos têm tentado encontrar uma explicação para esse
paradoxo há muito tempo e costumam chamar esse efeito gravitacional,
ainda inexplicável, de Gravidade Quântica.
Se a Teoria das
Supercordas vier a ser considerada uma "Teoria da Gravidade
Quântica", então o tamanho médio de uma corda deverá estar
perto do comprimento da gravidade quântica, também chamado de
Planck, que é da ordem de 10-33cm (1cm dividido por 1, seguido de 33
zeros) e para a sua vibração, que seria a origem das partículas
fundamentais, causar o efeito gravitacional, complementando as
explicações quânticas a respeito das partículas fundamentais e
estendendo a abrangência da Teoria Geral da Relatividade de Einstein
do Macrocosmo até o Microcosmo, sua tensão deverá ser da ordem de
10 toneladas (1 seguido de 39 zeros). Eu também acredito que essa
teoria tenha sido, em parte, resultado de alguma inspiração, assim
como todas as grandes descobertas, sejam científicas ou não; mas
para chegar a essas conclusões relativas ao tamanho das "cordinhas",
eles, pesquisadores, fizeram cálculos com base no valor do
Comprimento de Planck, como já abordei anteriormente e, por isso,
admitem que o comprimento das cordinhas seja ainda menor que essa
distância, pois elas, cordinhas, foram aventadas para que a Mecânica
Quântica e a Gravidade pudessem ser compatíveis, quando a distância
entre as partículas fundamentais fosse tão pequena ou menor que o
número estabelecido pelo Comprimento de Planck. Assim se estimou o
tamanho das cordinhas sem ainda terem obtido condições tecnológicas
de "enxergá-las". O mesmo artigo da Superinteressante
informa ainda que se espera confirmar a existência das supercordas
no acelerador de partículas do Conselho Europeu de Pesquisa Nuclear,
até 2005.
A Teoria das
Supercordas é uma teoria ainda em desenvolvimento e não é
pretensão dos físicos que ela venha a dar tudo como explicado e
resolvido, com relação à origem do que é considerado como
matéria; e os cientistas sabem que só o surgimento dessa teoria não
os faria ter chegado ainda a qualquer limite em termos do Microcosmo.
Mas nós, que, além de nos interessarmos por essas questões de
ordem técnica, somos também discípulos de Allan Kardec, podemos
especular e aventar para a hipótese de que, caso a Teoria das
Supercordas venha a ser comprovada, nós teríamos, para alguns
"milagres" de Jesus, mais uma explicação, além das já
existentes, conforme eu propus no artigo "As Cordinhas",
publicado na Revista Internacional de Espiritismo de março de 2000.
Esse assunto é
muito complexo e, em meu pensamento, foge ao escopo do que
pretendemos nós, tecnólogos-espíritas, que apenas estamos tentando
cometer, cada vez mais, menos erros, em nossos aprendizados morais e
intelectuais, buscando, porém, explicações que se encaixem em
nossos raciocínios, ainda que estes sejam por ora muito
mecanicistas. Vale a pena ressaltar também que, segundo alguns
pesquisadores, a Teoria das Supercordas não é uma teoria pronta e
definitiva, e ela hoje é subdividida em vários caminhos, nos quais
as variáveis são as mais diversas, indo desde o formato das cordas
(aberto ou fechado), o tipo de partículas elementares a que elas
dariam origem (bósons, férmions ou ambos), até o número de
dimensões no espaço-tempo para que a teoria fosse possível (de 10
a 26 dimensões). E nós, espíritas, ainda teríamos mais um
componente a acrescentar nessa "sopa quântica": o
componente moral, advindo do elemento espiritual que, sabemos nós, é
quem verdadeiramente faria vibrar as cordinhas, caso elas realmente
existam.
Por que meio o
elemento espiritual poderia atuar sobre a vibração das supercordas?
A meu ver, essa atuação se faria pelo sentimento do qual é
possuidor. Porque é no seu sentimento que as ações do princípio
inteligente (oriundo do elemento geral espiritual) se originam.
Quando o princípio inteligente, já um espírito formado, atinge o
grau de pureza no qual os meios que ele utiliza para interagir e se
comunicar com os outros espíritos e com o ambiente ao qual pertence,
sejam eles meios físicos, verbais ou mentais, dispensam o uso do
raciocínio para serem postos em ação, ele, espírito, terá, nessa
altura, as condições necessárias para cooperar no progresso de
criação universal. Os espíritos que atingem tal grau de pureza são
muito avançados, tanto moral, quanto intelectualmente, mas como a
ação do sentimento não depende somente do conhecimento
científico-intelectual, os que agem sob o comando direto do
sentimento puro que abriga o amor e a caridade, conseguem, através
desse sentimento, atuar sobre as cordinhas, ainda que sejam, em
escala intelectual, tão ignorantes quanto nós todos encarnados
nesse planeta expiatório. Sua ação sentimental será levada
através da escala evolutiva dos espíritos superiores até aqueles
que têm conhecimento científico-intelectual suficiente para
realizar o desejo que se originou em seu coração amoroso. Daí, não
sejam de se admirar as proezas realizadas pelo médium Mirabelli,
descritas pelo nosso irmão Iório.
Essa teoria, se por
um lado nos dá esperança de que nós podemos ser agentes fazedores
de "milagres", também nos mostra que não é preciso que
estejamos tão evoluídos intelectualmente para iniciar esses feitos;
podemos começar agora; basta agir com o sentimento do amor e da
caridade verdadeira e deixar por conta dos maestros da orquestra
quântica celestial o vibrante toque das cordinhas.
Fonte:
Revista Internacional de
Espiritismo - Fev/2001
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