Alexandre Fontes da Fonseca
Instituto de Física da Universidade de São Paulo
São Paulo, S.P.
Resumo
Recentemente,
algumas observações astronômicas têm chamado a atenção dos cientistas
para o comportamento do Universo. Os modelos teóricos não explicam tais
evidências o que tem levado ao surgimento de novas teorias. Neste artigo
comparamos algumas destas evidências experimentais com uma afirmativa,
feita pelos espíritos, na questão número 27 do Livro dos Espíritos.
Os espíritos, ao caracterizarem o princípio material elementar do
Universo, ou o Fluido Universal (FU), mencionam uma de suas propriedades
que poderia, ao nosso ver, trazer luz ao referido problema que, nas
últimas duas décadas, tem preocupado os cientistas. Apresentaremos um
breve histórico sobre a origem dos modelos cosmológicos modernos
mencionando os fatos que chamaram a atenção para o problema, e
discutiremos a afirmativa dos espíritos.
PALAVRAS–CHAVE: Fluido universal; fluido cósmico; elemento material; cosmologia; constante cosmológica; efeito Casimir;
I Introdução
Quem
poderia imaginar que uma despretensiosa afirmativa dos espíritos, feita
há quase 150 anos, pudesse ser considerada como uma chave para solucionar um problema atual da Cosmologia ? Estamos falando da questão número 27 do Livro dos Espíritos [1,2].
Nesta questão, Kardec pergunta se haveria dois elementos gerais no
Universo (espírito e matéria) ao que os espíritos respondem
afirmativamente, acrescentando-se “...acima de tudo Deus, o criador, o
pai de todas as coisas”[2]. A afirmativa que nos chamou atenção para
este artigo é a última frase desta resposta: “Esse fluido universal, ou
primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá”[2](Grifos nossos.). Voltaremos a ela após apresentarmos o problema atual que a Cosmologia ainda não resolveu.
Hoje
em dia a concepção que fazemos do Universo é bem diferente da de
séculos atrás. Acreditava-se ser a Terra o centro do Universo e que os
astros, fixos em um abóbada rígida, o firmamento, se moviam de acordo com o movimento deste. Inclusive os gregos acreditavam que havia um quinto elemento1
que os mantinha presos ao céu[4]. Muitos astrônomos, cuja função básica
era a de observar e mapear estes objetos celestes, começaram a perceber
que este modelo de descrição da realidade falhava em sua principal
função: explicar os dados obtidos pela observação. Para uma revisão
histórica dos conceitos e mitos antigos sobre a criação e o Universo
citamos o livro da referência [6].
A
Ciência, hoje, desenvolveu-se bastante a ponto de nos fornecer uma
idéia melhor sobre o Universo. Os livros da referência [7] e [8] trazem
uma discussão acessível sobre os atuais modelos cosmológicos. Sabemos,
por exemplo, que o nosso planeta, relativamente ao universo, se compara a
um minúsculo grão de areia e que o nosso sistema solar é dos mais
simples. Existem milhares e milhares de galáxias, cada uma contendo
bilhões de sistemas solares, cada um contendo seus planetas. Conforme
discutido no Evangelho Segundo Espiritismo[9] no capítulo III “Há muitas moradas na casa de meu Pai”,
a grandeza do Universo não deixa dúvida quanto à existência de
humanidades irmãs habitando outros orbes. Segundo a Ciência, o Universo
teria em torno de 12 a 15 bilhões de anos, mas isto ainda não é uma
informação definitiva conforme veremos a seguir.
A
Ciência, ao contrário do que se imagina, às vezes, não tem a palavra
final sobre um determinado assunto. Vemos todos os dias novos
medicamentos e tratamentos sendo utilizados em lugar de antigos que
foram considerados ultrapassados. Vemos ainda, novos experimentos
levando a Ciência a novos paradigmas sobre a realidade, como aconteceu
com o surgimento da Física Quântica. E, apesar do conhecimento que temos
do Universo que nos rodeia, existem questões em aberto que desafiam os
cientistas nos dias de hoje. Pretendemos discutir algumas que nos
parecem estar ligadas à afirmativa feita pelos espíritos na questão
número 27, citada no primeiro parágrafo. Antecipando as conclusões,
desejamos estimular e incentivar aos espíritas que, porventura, estudem
Cosmologia a pensarem na hipótese, formulada pelos espíritos, como um
caminho para encontrar-se uma teoria que resolvesse tais problemas.
Assim
sendo, este artigo discutirá a questão na seguinte ordem. Na seção II
pretendemos fazer um breve histórico sobre a origem do problema que
incomoda os cientistas na atualidade, bem como mencionar as evidências
experimentais que o suportam. Na seção III reescreveremos as questões
número 27, 29 e 36 do Livro dos Espíritos mostrando como
elas se ligam ao problema. Na seção IV nós discutiremos o valor
científico da afirmativa dos espíritos e o cuidado que nós, espíritas,
devemos ter na divulgação destas idéias. Na seção V nós resumiremos as
principais conclusões.
II Um breve histórico
O
ponto inicial do problema que a Ciência está tentando resolver é a
chamada equação de Einstein para todo o Universo. Não é importante para
nós, aqui, analisarmos esta equação2, mas apenas um termo que Einstein
teve que adicionar a ela, a chamada Constante Cosmológica.
Einstein
assim o fez porque percebeu que sua equação tinha como solução um
Universo dinâmico, sendo que a idéia aceita na época era de um Universo
estático (entre as décadas de 1910 e 1920). Porém, anos depois, um
pesquisador chamado Hubble descobriu, através de observações
astronômicas, que o Universo estava se expandindo, e não era estático
como se pensava. Einstein, então, resolveu tirar de suas equações a
constante cosmológica que continha as correções para que o Universo
fosse estático, com um sentimento de desapontamento consigo mesmo por
tê-la proposto antes. O que Einstein não poderia imaginar era que a sua
constante cosmológica teria que ser, novamente, considerada para dar
conta de explicar as posteriores observações astronômicas.
Que
o Universo está se expandindo, isto já é do conhecimento de todos os
cientistas desde há muito tempo. Porém ainda não se sabia a que taxa
isto está acontecendo. Esta informação é importante, por exemplo, para
se estimar a idade do Universo. Um problema conhecido como A Crise da Idade[4,10],
surgido na década de 1990, se refere aos primeiros cálculos e
estimativas da sua idade. Os melhores cálculos, usando-se as equações de
Einstein sem a constante cosmológica, resultavam num Universo com, aproximadamente, 10 bilhões de anos.
Isto
estava em franco desacordo com as observações astronômicas que
detectaram objetos a 15 bilhões de anos-luz3 de distância da Terra. No
entanto, foi uma outra evidência recente que veio colocar mais dúvida
nesta questão[11]. Alguns pesquisadores chegaram a conclusão de que o
nosso Universo estaria se expandindo numa taxa maior do
que no passado. Isso complica a 2 O artigo da referência [3] contém uma
revisão bastante técnica do assunto, caso seja de interesse do leitor.
3
Um ano-luz corresponde a distância percorrida por um raio de luz no
intervalo de tempo de um ano. Isto corresponde a uma distância de 9460.8
bilhões de km.
situação
da teoria necessitando, ainda mais, a presença da constante cosmológica
nas equações de Einstein para poder-se explicar estes dados. A
quantidade de matéria que existe no Universo não é, portanto, suficiente
para explicar nem a sua idade nem, muito menos, a sua taxa de expansão.
A
questão seguinte foi descobrir o que significaria, em termos físicos,
ou reais, a existência desta constante cosmológica. Os cientistas,
analisando as equações de Einstein, chegaram a conclusão de que ela
representaria algum tipo de matéria ou energia, presente no Universo,
que teria como efeito causar uma repulsão gravitacional. Isto nunca foi observado na natureza. Todos os objetos materiais conhecidos se atraem devido a força gravitacional.
Mas, a discussão fica ainda mais complicada com a descoberta do chamado Vácuo Quântico. Segundo a Física Quântica, o aparente vácuo ou vazio de matéria, na verdade, não existe absolutamente. O chamado Princípio de Incerteza de Heisenberg prevê
que, a todo o momento, partículas sejam criadas, do nada, e sejam
destruídas logo em seguida após um intervalo de tempo muito curto. Os
cientistas, então, resolveram calcular a energia total destes fenômenos
que ocorrem no vácuo. Eles chegaram a duas conclusões[10]
surpreendentes: 1) que esta energia é de uma intensidade quase infinita,
isto é, muito maior que toda a quantidade de energia e matéria usuais,
quando somada a sua contribuição em todo o Universo; 2) O seu efeito
seria repulsivo, isto é, ela agiria como se fosse algo que repelisse a
matéria gravitacionalmente. A segunda conclusão satisfaz a necessidade
de algo que tivesse o efeito de repulsão gravitacional da matéria.
Porém, a primeira conclusão diz que, se isso for verdade e se não
existir nenhum outro fator, o Universo iria se expandir tão rapidamente
que, por exemplo, jamais o núcleo de um átomo se formaria, pois esta
expansão levaria as partículas que o constituiriam a distâncias muito
grandes, muito mais rápido do que a atuação da força forte que
normalmente as mantém juntas.
Esta
é a maior discrepância entre teoria e realidade conhecida até hoje. Em
termos da constante cosmológica, os efeitos do vácuo quântico
levariam-na a um valor 120 ordens de grandeza maior (o número 1 seguido
de 120 zeros) do que os cientistas estimaram segundo as observações
astronômicas. De modo a percebermos o objetivo deste artigo, vamos
reescrever este problema da seguinte forma: o efeito da energia do vácuo quântico seria o de fazer com que a matéria estivesse num perpétuo estado de separação. Esta expressão não nos é familiar ?
Kardec dizia no ítem VII da Introdução do Livro dos Espíritos[1]
que “Na ausência dos fatos, a dúvida é a opinião do homem prudente”.
Isto mostra o valor que Kardec atribuiu aos fatos, valor este que a
Ciência considera como princípio básico. Constituem, portanto, fatos os seguintes eventos:
-
É fato comprovado que o Universo está se expandindo a uma taxa maior
agora do que no passado[11]. Isto é, a expansão do Universo está se
acelerando.
- É fato, comprovado experimentalmente, um efeito cientificamente conhecido como efeito Casimir[12]:
quando se aproximam duas placas metálicas muito perto uma da outra, no
vácuo, surge entre elas uma força de atração que só é explicada devido
ao fenômeno de criação e destruição de partículas no vácuo, conforme
explicado acima. Portanto, os efeitos do vácuo quântico são reais.
Porém, os cientistas tentam explicar o problema sugerindo que o cálculo
da energia total do vácuo tenha sido feito de maneira errada e que
alguma propriedade natural do Universo, ainda não descoberta, poderia
anular ou compensar o seu valor. É aí que entraria a hipótese espírita.
Voltaremos nela adiante. Existe, também, uma proposta teórica da
existência de uma energia sutil chamada Energia Escura. A palavra
“escura”, escrita ou falada, não tem aqui a conotação moral como
utilizada em Espiritismo. Por “escura” os cientistas querem dizer sobre
tudo o que não interage com a luz ou com outra radiação eletromagnética,
de modo que não se pode perceber a sua existência simplesmente
olhando-se para o céu com os telescópios. Como exemplo, os cientistas
chegaram à conclusão, por vias indiretas, de que existe uma matéria, que
eles consideram “escura”, que tem natureza diferente da matéria usual
que conhecemos. Neste caso, a diferença entre essa matéria escura e a
referida energia escura é o fato de que a primeira se comporta como a
matéria comum com relação a força gravitacional, isto é, a matéria
escura é atraída pela matéria em geral. Já a energia escura teria
um comportamento contrário repelindo a matéria. Ela, portanto, segundo
os cientistas, seria responsável pelo efeito de expansão do Universo.
Alguns pesquisadores propuseram que ela forme um campo quântico batizado de quintessência[4]
devido à sua pequena densidade. Na figura 1 mostramos a percentagem de
cada tipo de energia e matéria do Universo necessária para que as
observações astronômicas possam ser entendidas.
É
importante enfatizar que apesar de ser o principal ingrediente do
Universo, a energia escura, por ter densidade bem pequena, é
extremamente rarefeita. Por esta razão, recentemente, Thiesen[5] propôs
que este campo de quintessência ou energia escura seja o Fluido
Universal (FU). Discordamos da proposta pela simples razão de que a
energia escura tem como efeito repelir, afastar, fazer com que a matéria
se afaste e se divida mais e mais. Segundo os espíritos, na questão
número 27 do Livro dos Espíritos, conforme citado acima e transcrito logo abaixo, um dos efeitos do FU é fazer com que a matéria não esteja em estado de divisão.
Figura 1: Os ingredientes do Universo em sua constituição aproximada.
O principal deles é a energia escura. Figura adaptada da referência [4]
III Solução espírita
Nesta seção pretendemos transcrever os principais trechos de algumas questões do Livro dos Espíritos[2] que consideramos relevantes neste estudo e, em seguida comentá-las em relação ao que foi exposto até aqui.
“27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito ?
-
Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus,
espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a
trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido
universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a
matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito
possa exercer ação sobre ela.
Embora,
de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo como elemento
material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido
universal fosse positivamente matéria, razão não averia para que o
espírito também não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria;
é fluido, como a matéria, e susceptível, pelas suas inumeráveis
combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita
variedade de coisas de que apenas conheceis uma parte mínima.
Esse
fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o
espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em
perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a
gravidade lhe dá.”(Grifos nossos).
“29. A ponderabilidade é um atributo essencial da matéria ?
-
Da matéria como a entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada
como fluido universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse
fluido lhe é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o
princípio da vossa matéria pesada.”
“36. O vácuo absoluto existe em alguma parte no Espaço Universal ?
- Não, não há o vácuo. O que te parece vazio está ocupado por matéria que te escapa aos sentidos e aos instrumentos.”
As questões de número 29 e 36 mostram concordância com relação à questão da energia escura e do vácuo quântico, respectivamente.
Para
que fique bem claro que a afirmativa dos espíritos representaria uma
proposta viável de solução para os problemas em cosmologia vamos
rescrever, uma sobre a outra as afirmativas espírita e do problema do
vácuo quântico, respectivamente:
____________________________________________
ESSE FLUIDO UNIVERSAL, OU PRIMITIVO, OU ELEMENTAR, SENDO O AGENTE DE QUE O ESPÍRITO SE UTILIZA, É O PRINCÍPIO SEM O QUAL A MATÉRIA ESTARIA EM PERPÉTUO ESTADO DE DIVISÃO E NUNCA ADQUIRIRIA AS QUALIDADES QUE A GRAVIDADE LHE DÁ.
____________________________________________
O EFEITO DA ENERGIA DO VÁCUO SERIA O DE FAZER COM QUE A MATÉRIA ESTIVESSE NUM PERPÉTUO ESTADO DE SEPARAÇÃO.
____________________________________________
Portanto,
as flutuações do vácuo fariam o Universo se expandir de modo tão rápido
que as partículas elementares que constituem a matéria nunca se
juntariam para formar os corpos e substâncias e, por sua vez, a matéria
nunca apresentaria as características que a gravidade lhes dá, quais
sejam a da atração entre os corpos, a formação dos corpos celestes, etc.
Por outro lado, como a realidade mostra que o Universo não está se
expandindo tão rapidamente assim, então algo teve que anular o efeito do vácuo quântico. O que propomos é que os cientistas considerem a proposta feita pelos espíritos de que algo existe no Universo e que esse “algo” esteja anulando os efeitos do vácuo quântico. Esse “algo” seria o FU.
IV Cuidados na divulgação
Vimos como uma afirmativa feita pelos espíritos na questão número 27 do Livro dos Espíritos pode
levar a uma grande contribuição científica na área de Cosmologia. Nesta
seção gostaríamos de tecer alguns comentários sobre o cuidado que nós,
espíritas, devemos ter quando relacionamos os ensinos espíritas aos
resultados da Ciência ou vice-versa.
Primeiramente é importante dizer que o presente estudo não se trata de afirmar que “a Ciência está confirmando o Espiritismo”.
Na verdade ela não está preocupada com a nossa doutrina, mas sim em
tentar descobrir as leis que estão por trás de todos os fenômenos
naturais.
Neste
artigo, descrevemos alguns destes fenômenos, de magnitude cosmológica,
que ainda não foram completamente explicados. Nosso esforço foi o de
mostrar que uma afirmativa dos espíritos pode levar a uma solução deste
problema. Apesar disto ter um grande valor científico, cabe aos físicos e
astrônomos que, porventura, sejam espíritas desenvolverem a idéia para
dizer, finalmente, se esta hipótese realmente contribui para a questão.
O
problema não se resolve ao, meramente, comparar a afirmativa dos
espíritos com a problemática da cosmologia moderna. Estamos, na verdade,
criando uma forte motivação para que isto seja pesquisado de maneira
séria por quem entende do assunto, isto é, um pesquisador com
experiência na área de Física e Cosmologia, que seja espírita ou, pelo
menos, simpatizante de nossa doutrina. Isto pois, quando tratamos de
Ciência, todo o rigor é mais do que necessário para
que tenhamos um resultado amplamente aceito pela comunidade científica.
A análise deste assunto por parte de um especialista é de extrema
importância pois ele será o único capaz de traduzir a idéia espírita na linguagem técnica da Ciência.
Cabe,
ainda, ressaltar que a referida afirmativa dos espíritos possui um
outro valor científico que, infelizmente, apenas nós espíritas podemos
reconhecer. É o fato de que uma afirmativa publicada há quase 150 anos
poder estar ligada a um problema que somente nas últimas duas décadas
tem preocupado os cientistas. Isso mostra, simplesmente, a superioridade
dos espíritos que trabalharam com Allan Kardec na codificação da
Doutrina Espírita, o que nos faz sentir mais fé e confiança nos seus
ensinamentos.
V Conclusões
Neste artigo comparamos uma afirmativa feita pelos espíritos na questão número 27 do Livro dos Espíritos
com um problema para o qual os físicos e astrônomos ainda não
encontraram solução. Os espíritos afirmaram que o FU seria responsável
por não permitir que a matéria estivesse num perpétuo estado de divisão.
Explicamos que a energia do vácuo quântico seria responsável por esse
estado de divisão e propomos, de modo diferente dos cientistas e de
acordo com os espíritos, a existência de um campo ou energia no
Universo que anule ou compense este efeito. Esta proposta nada mais é do
que a influência do FU sobre o efeito de divisão que o vácuo quântico
geraria sobre toda a matéria.
Incentivamos
o pesquisador espírita, especialmente o que possua formação
profissional nas áreas em questão, a investigar esta hipótese dentro dos
métodos e linguagem científicos de modo a trazer uma efetiva
contribuição a este campo do conhecimento.
Discutimos
os valores científicos desta proposta chamando a atenção do leitor
espírita para a maneira de encará-la de modo a evitarem-se precipitações
que tragam descrédito para o movimento espírita.
É
importante lembrar que existem outras teorias que tentam descrever o
Universo. Os livros das referências [7,8] falam sobre isso. Por exemplo,
existe a chamada teoria das supercordas e variações desta teoria
que foram demonstradas serem equivalentes e pertencentes a uma única
teoria maior, ainda não descoberta, que os cientistas batizaram de Teoria M.
Talvez esta teoria, considerada como a teoria de tudo, possa resolver
os problemas expostos neste artigo através de outras explicações. Um
exemplo mais concreto é o recente artigo intitulado “Holografy
Stabilizes the Vacuum Energy” (Holografia estabiliza a energia do
vácuo)[13] que propõe que uma dada propriedade chamada Holografia Gravitacional teria
como conseqüência a diminuição do efeito de divisão da matéria que o
vácuo quântico geraria. Uma análise deste artigo para ver o que ele
poderia ter a ver com o FU escaparia do nosso objetivo neste artigo mas
mereceria ser feito numa futura publicação.
Por
tudo isso consideramos que os pesquisadores da área são os únicos a
poderem avaliar de modo mais seguro a hipótese do FU como solução para
os problemas cosmológicos.
Por
fim, manifestamos nosso entusiasmo devido ao fato de que este
ensinamento dos espíritos foi publicado há quase 150 anos atrás, bem
antes de Einstein (que é o pai das teorias cosmológicas modernas)
nascer. Isso mostra a sabedoria dos espíritos que trouxeram ao mundo os
seus ensinamentos e nos enche de fé e confiança nesta doutrina que
adotamos por filosofia de vida.
Artigo publicado na Revista FidelidadESPÍRITA Novembro 2003
Agradecimentos
O
autor gostaria de agradecer ao Prof. Sylvio Dionysio de Souza, à Profa.
Maristela Olzon de Souza e ao Prof. Silvio S. Chibeni pela leitura
crítica deste compuscrito e por valiosas sugestões e discussões.
Referências
[1] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora Edições FEESP, 9a Edição, (1997).
[2] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora FEB, 76a Edição, (1995).
[3] S. Weinberg, Reviews of Modern Physics, 61, p. 1 (1989).
[4] J. P. Ostriker e P. J. Steinhardt, Scientific American, 284, p. 46 (2001).
[5] S. Thielsen, Reformador, 2082, p.11 (2002).
[6] M. Gleiser, A Dança do Universo: Dos Mitos da Criação ao Big–Bang, Editora Companhia das Letras, (1997).
[7] S. Hawking, O Universo Numa Casca de Nóz, Editora Mandarim, 2a Edição, (2002).
[8] M. Kaku, Hiperespaço, Editora Rocco LTDA, 1a Edição, (2000).
[9] A. Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Editora EME, 1a Edição, (1996).
[10] L. M. Krauss, Scientific American, 280, p. 35 (1999).
[11] C. J. Hogan, R. P. Kirshner e N. B. Suntzeff, Scientific American, 280 p. 28 (1999).
[12] G. J. Maclay, H. Fearn e P. W. Milanni, European Journal of Physics, 22, p. 463 (2001). Para
uma revisão histórica do efeito Casimir o leitor é referido à: D. L.
Andrews e L. C. D. Romero, European Journal of Physics, 22, p. 447 (2001).
[13] S. Thomas, Physical Review Letters, 89, p. 081301 (2002).
Antonio!!! Que maravilha este artigo!! Muito obrigada por ter postado!
ResponderExcluirÉ muito importante que a ciência corrobore em questões como esta para que as pessoas ditas céticas venham a pensar sobre o assunto!! Muito interessante!!
Vimos em seu perfil que vc se interessa pela questão dos outros animais(Os Animais e o Espiritismo)! Gostaríamos muito que vc pudesse participar de um estudo que começamos há pouco tempo. Vc, sem dúvidas, irá trazer conhecimento para o grupo!
Grande abraço,
Fernanda