sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Espiritismo, Sociedade e Valores Contemporâneos




Espiritismo, sociedade e valores éticos contemporâneos



Antonio Augusto de Sá Neto




Estamos envolvidos nos valores mundanos ou estamos transcendendo-a pelo esclarecimento espírita?






A nossa sociedade contemporânea tem se caracterizado pela conquista tecnológica relevante, porém com um progresso moral muito lento e inconsistente, com uma enorme defasagem entre o Homo tecnologicus e o Homo noeticus, com valores que não suprem eficazmente o vazio existencial de muitas criaturas, tal como o egocentrismo, que leva a criatura muitas vezes ao orgulho e a indiferença contra seu próximo; a cultura narcísica, gerando uma paranóia da estética, na qual muitas criaturas se escravizam, com prejuízo ao indivíduo e à sociedade como um todo; e inúmeros outros valores que realmente não preenchem a criatura interiormente, levando ao vazio existencial anteriormente citado, levando a criatura a esquivar-se quase que inteiramente da espiritualização que as poderiam libertá-las.


A necessidade urgente de se ter um lugar ao sol leva inúmeras criaturas a desestrurarem-se, encarando a vida como uma luta, uma batalha, da qual deve-se passar os outros para trás, com total desconsideração para com o seu semelhante, que deveria ser erguido, jamais derrubado.


Vê-se o enterro da solidariedade na sociedade moderna, levando as criaturas a terem uma visão distorcida da vida da realidade, pensando que a vida resume-se à competição predatória, mostrando-se o primitivismo de sua consciência.


O desconhecimento de si mesmo é uma mazela que dói na alma, levando o homem a atitudes inteiramente equivocadas perante a vida, sendo gerador de distúrbio devastadores de grande porte.


O homem, realmente, não se conhece. Sendo muitas vezes levado pela mídia perversa, desumana e degradante, deixa-se levar pela massa e ignora suas potencialidades reais. Ao contrário atende impreterivelmente ao seu egocentrismo e nega-se servir, como se a sociedade só lhe desse direitos, com total desconsideração em relação aos seus deveres perante o próximo e a sociedade.


Precisamos ver quais o valores que estamos transmitindo aos nossos jovens, já que a mídia perversa pouco se importa com valores morais, levando-os muitas vezes à alienação e à desumanização. Será que estamos transmitindo valores fúteis, como status social, poder e vaidades, ou estamos mostrando valores morais como respeito, ética, sapiência e dignidade, dentre outros? Estamos conscientizando-os de que são espíritos imortais? Como esperar de nossos jovens condutas éticas sem dar-lhes uma formação moral e espiritual?


Devemos lembrar-nos que a educação das futuras gerações são como uma semeadura que deve ser bem cultivada nos solos de suas memórias, a fim de que não produzam conflitos os mais diversos para si mesmos e a sociedade.


A espiritualização do homem, a busca de valores como a humildade, a solidariedade, a pureza de coração, aprece, a meditação, fazer o bem ao próximo, sua evangelização e o autoconhecimento são, realmente, antídotos eficazes para sua desumanização e para ter uma moralidade compatível com os padrões éticos reais, não se deixando levar por uma postura sofista, que ignora os deveres morais, e por condutas aberrantes e esdrúxulas. O amor é de uma relevância inegável para tal realização, já que leva o homem a entender a dor de seu próximo e a sublimar seu coração, oferecendo aos outros o alimento afetivo da solidariedade e da compaixão pelo seu semelhante, tornando-os criaturas realmente solidárias e dignas.


Devemos encarar o futuro com otimismo, já que a doutrina espírita nos mostra que somos espíritos imortais com destinação angélica aos quais Deus só nos deu um destino: a perfeição e a evolução.

Ser Humanizado nos Dias de Hoje


 

A questão da humanização na Sociedade Contemporânea

Antonio Augusto de Sá Neto
            

A sociedade contemporânea, alicerçada em valores como consumismo e individualismo tem renegado consideravelmente o valor da criatura humana, que estertora em sofrimentos decorrentes de tal inversão de valores.
A onda de niilismo materialista tem levado inúmeras criaturas a resvalarem para o cinismo, o desrespeito, quando não o completo desequilíbrio em fuga inútil para os alcoólicos, para as drogas, a sexolatria, a depressão...
Vemos nos dias de hoje inúmeros ases da beleza em vã tentativa de manter-se a aparência jovem, sinônimo de beleza de acordo com os valores da atualidade, embora atinjam inevitavelmente a degeneração física e mental da velhice, que relutam em aceitar, tornando-se geralmente frustados e deprimidos.
A juventude sofre com a total desestruturação do sistema educacional, que deixou de primar por valores éticos e morais, empurrando as mentes juvenis para o competitivismo e individualismo doentios, fazendo-os pessoas fúteis e superficiais, sem quaisquer noções de cidadania e dignidade.
A exploração comercial da natureza tem levado a Terra ao desequilíbrio climático e ecológico, gerando problemas vários como secas, enchentes, tsunamis, chuvas torrenciais, ameaçando a vida de inúmeras criaturas humanas, além do prejuízo de inúmeras espécies animais e vegetais, que vivem o risco de extinção iminente...
A superpopulação nos grandes centros urbanos diminui a qualidade de vida, tendo-se em vista o transito caótico, a poluição sonora, o lixo acumulado em toda parte, a violência tribal dentre outros problemas.
Toda essa falência moral do homem contemporâneo ocorre porque o homem interior não se fez conquistar. Como a vida é toda direcionada em conquistas exteriores o homem pouco reflete sobre seu interior e sobre seu estado íntimo, levando-o a tomar atitudes consciencialmente imaturas e infantis, com as quais satisfaz o ego implacável, verdadeiro algoz da criatura humana. 
A humanização e espiritualização social, com certeza, é o antídoto para essa crise ética que vivemos atualmente, sendo possível minorá-la com ações como solidariedade, compaixão, altruísmo e todas as emoções que podemos classificar como emoções superiores.

As Provas Científicas - Artigo de Aécio P. Chagas

As Provas Científicas

Aécio Pereira Chagas
 
Certas pessoas, muitas vezes bem-intencionadas, buscam provas científicas referentes à imortalidade do Espírito, à comunicabilidade deste conosco, à reencarnação e sobre outros pontos fundamentais da Doutrina Espírita. Isso é muito salutar, mas o problema é que, entre essas pessoas, algumas passam toda a existência terrena procurando essas provas, ou melhor, atrás "da prova", e nunca a encontram apesar de terem tido contato com inúmeros fatos que a confirmam. Algumas assim agem por um ceticismo crônico, crentes de bem procederem cientificamente, pois acreditam (aqui elas não são céticas) que um "verdadeiro cientista não tem idéias preconcebidas". Acho que essas pessoas que passam o tempo todo atrás das provas e continuam insatisfeitas precisam ser informadas do que vem a ser uma "prova científica". É o que pretendemos mostrar.
Vamos utilizar-nos de um exemplo para ilustrar nossos pontos de vista. E o que escolhemos é a "teoria atômico-molecular", devido à nossa experiência como pesquisador no campo da Química. O que se segue é um diálogo imaginário (ou não tão imaginário assim) que tivemos com uma pessoa a princípio cética.
Inicialmente ela nos perguntou:
-- "Você acredita na existência de átomos e moléculas?"
-- "Não só acredito, mas sei que eles existem", respondi.
-- "Como você pode provar isso?"
-- "Não lhe posso oferecer nenhuma prova como aquelas apresentadas nos tribunais; inclusive nunca os vi, toquei ou mesmo os senti de alguma maneira, nas formas que penso que sejam. O que me faz saber que os átomos e as moléculas existem é um conjunto de evidências experimentais, um conjunto de provas. Nenhuma delas por si é suficiente par provar a existência dos átomos ou das moléculas. Vendo a coisa de outra maneira, todo esse conjunto de evidências experimentais ou de experimentos só pode ser explicado, entendido, racionalizado, por meio da admissão da existência dos átomos e moléculas, e essa miríade de experimentos é que constitui "a prova". Cada um dos experimentos, considerados separadamente, pode até ser explicado por outras hipóteses ou teorias, mas até hoje ninguém encontrou nenhuma outra alternativa que desse conta de todo o conjunto de experimentos considerados, a não ser a "teoria atômico-molecular". Um dado experimento pode ser explicado pela hipótese de que a matéria é contínua, alguns outros também, mas há muitos outros que não. Podemos até inventar hipóteses as mais estapafúrdias, mas com lógica e bom senso perceberemos que poderão dar conta apenas de alguns poucos fatos. Não vou citar aqui os experimentos; nas bibliotecas encontramos centenas e centenas de descrições deles.
"Ainda mais: como já sei que os átomos e as moléculas existem, como cientista não vou mais procurar provas de sua existência. Vou daí para a frente. Vou realizar experimentos nos quais a priori já considero existentes os átomos e moléculas, e os resultados têm sido até agora coerentes com isso. Assim procedem também os meus colegas cientistas do mundo todo."
Da mesma maneira que se faz a pergunta sobre os átomos e as moléculas, faz-se também com relação à existência dos Espíritos e a outros pontos que mencionamos no início deste artigo. A resposta que daríamos a essa pergunta seria a mesma dada sobre os átomos e as moléculas: "Não só acredito, mas sei que eles existem." -- "Como você pode provar isso?" -- "Não posso lhe oferecer nenhuma prova, como aquelas apresentadas num tribunal; inclusive nunca os vi, toquei ou mesmo os senti de alguma maneira, na forma que penso que tenham. O que me faz saber que os Espíritos existem é um conjunto de provas (...)." O leitor poderá continuar o diálogo, é só trocar 'átomos e moléculas' por 'Espíritos'. Alternativa para 'Espíritos' (como a hipótese da matéria contínua no lugar dos átomos)? É só procurar uma dessas muitas explicações "parapsicológicas" que há por aí (o inconsciente etc.).
Quanto aos novos experimentos, já há uma diferença: são poucos os que vão à frente, a maioria ainda está querendo "provar" que o Espírito existe.
Se as pessoas que buscam provas sobre esses pontos básicos da Doutrina Espírita, após examinarem todo esse conjunto de evidências que a própria Doutrina oferece, além de outras procedentes de fontes não espíritas, ainda quiserem "a prova", é porque continuam desinformadas sobre a atividade científica (ou não a aceitam) ou realmente não querem aceitar nada. Mas isso não acontece apenas com o Espiritismo. Com átomos e moléculas hoje em dia não se pode ser cético, mas com outras coisas... Há pouco ouvi: "(...) afinal de contas, a teoria da Evolução ainda não está cientificamente provada"...

Fonte: Revista Reformador, agosto de 1987, pp. 232-33.