sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sexo Transviado - A visão espírita sobre o sexo



Ouvirás referências descaridosas, em torno do sexo transviado; no entanto, guardarás invariável respeito para com os acusados, sejam eles quais forem.
Muito fácil traçar caminhos no mapa. Sempre difícil trilhá-los, debaixo da tempestade, às vezes sangrando as mãos para sanar dificuldades imprevistas.
É preciso saber penetrar fundo nas necessidades do espírito, para enxergá-las com segurança.
Aplica a bondade e a compreensão, toda vez que alguém se levante contra alguém, porque, em matéria de sexo, com raras exceções, todos trazemos heranças dolorosas de existências passadas, dívidas a resgatar e problemas a resolver.
Muitos daqueles que apontam, desdenhosamente, os irmãos caídos em desequilíbrio emotivo, imaginando-se hoje anichados na virtude, são apenas devedores em moratória, que enfrentarão, amanhã, aflitivas tentações e provações, quando soar o momento de reencontrarem os seus credores de outras eras.
Não condenarás.
Enunciando tais conceitos, não aceitamos os desvarios afetivos como sendo ocorrências naturais. Propomo-nos defini-los por doenças da alma, junto das quais a piedade é trazida para silenciar apreciações rigoristas.
Nas quedas de sentimento, há que considerar não somente a fraqueza, necessitada de compaixão, mas também, e muito comumente, o processo obsessivo que reclama socorro ao invés de censura.
Não podemos medir a nossa capacidade de resistência, no lugar do companheiro em crise, e, por isso, é aconselhável caminhar com a misericórdia em quaisquer situações, para que a misericórdia não nos abandone quando a vida nos chame ao testemunho de segurança moral.
Se alguém caiu em desvalimento ou desceu à loucura, em assunto do coração, misericórdia para ele! Em todas as questões do sexo transviado, usa a misericórdia por base de qualquer recuperação. E, quando a severidade nos intime a gritar menosprezo, acalentar maledicência, estender escárnio ou receitar punições, recordemos Jesus. Aquele de nós que jamais tenha errado, em nome do amor, seja em pensamento ou palavra, atitude ou ação, atire a primeira pedra.

Pelo espírito Emmanuel

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Deus e os pobres

   

Andréas Müller 




   A dedicação dos cristãos para com os pobres, para com os privados dos seus direitos, para com os explorados é determinada essencialmente pela imagem que os mesmos têm de Deus. O Deus da Bíblia não é um ser abstrato, além das nuvens, mas está sempre ligado ao destino dos homens; Ele não está desligado da nossa história, mas pode ser só sentido nas Suas relações para conosco. É diferente do mundo, mas não pode ser separado daquilo que faz o mundo tanto belo como, ao mesmo tempo, cruel.
   O segredo de Deus aclara-se na Sua encarnação, no Seu esgotamento total – até à morte violenta. Se seguirmos as pegadas deste Jesus de Nazaré reconhecemos, em certa medida, o que Deus quer ser: um Deus que se preocupa por relações vivas – pai, mãe, amigo; um Deus de dedicação, ternura e preocupação; um Deus como homem entre homens – um desalojado, um refugiado, um estrangeiro, um perseguido e um torturado.
   Ser cristão pode parafrasear-se concisamente por seguir as pegadas de Jesus, isto significa que nós deveríamos ser como Deus: seres humanos entre homens; seres humanos que – como Jesus – se devem opor a todas as injustiças, dedicar-se cordialmente a todos os que têm fome e que estão doentes, devem estar fraternalmente junto de todos os pequenos e pobres. Deus quer que nós aqui na terra sejamos a sua imagem, o seu monumento, os seus representantes. Isto é válido para todo o ser humano, mesmo se tem uma face esfarrapada e destruída, se não tem um grande renome e se vive numa favela. Vale também quando nos parece que não se sente nada de divino nele. É a razão por que devemos procurar Deus nos nus, prisioneiros, esfomeados, mortos, estrangeiros, desalojados, exilados etc.
   Deus se identifica com os sem direitos e sem perspectivas. Quer dizer-nos com isso que ele é um Deus da vida que quer o direito e a vida do ser humano. Francisco entendeu isso como quase ninguém. Foi o fatal encontro com o leproso que lhe abriu os olhos cegos. A cara dolorosa do Crucificado hoje olhou para ele. Foi a mudança decisiva na sua vida com consequências sustentáveis. “O que me pareceu amargo se converteu em doçura da alma e do corpo“. O termo italiano - quase impossível de traduzir – de Dolcezza significa ternura, empatia, compaixão, solidariedade. A Francisco abre-se-lhe um mundo novo, um mundo do amor ao próximo. O seu mundo antigo desmorona-se, o mundo no qual há encima e em baixo, senhores e servos. Ele reconhece que este não pode ser o mundo verdadeiro, o mundo como Deus o queria. Descobre o Evangelho como alternativa. Um mundo reconciliado no qual o valor dos homens não dependa do rendimento ou do salário. Um mundo, no qual possamos simplesmente usar a riqueza de Deus na Criação. Pois, um mundo no qual também os pobres possam participar na vida em plenitude.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Provações Coletivas - A visão espírita




Antonio Augusto de Sá Neto


  
  O tema "Provações Coletivas" foi um tema abordado por Allan Kardec ao longo dos seus estudos espíritas, sendo visto pelo espiritismo como um meio de acelerar o progresso da humanidade, já que tais provações despertam no homem o sentimento de solidariedade perante o seu próximo, já que na maioria das vezes a interação mútua se torna fundamental para que aquela coletividade supere o problema, que no caso é de ordem coletiva.
  O ser humano tem que entender que é responsável pelos seus atos, seja perante si mesmo, seja perante a coletividade que o cerca. Problema gravíssimo, porque degenera em crise sociais imprevisíveis, a irresponsabilidade social é responsável por muitos dos males que assolam a sociedade nos dias de hoje, tais como o alcoolismo, a drogadicção, a prostituição, a exclusão social que retira de inúmeras criaturas o título de cidadã, da qual todos tem direito a ter. Com a exclusão social que grassa nos dias de hoje, vemos um sem-número de criaturas humanas resvalando para o crime, reivindicando por meio da violência o que lhes foi tirado por direito.
  Vemos muitas vezes nas coletividades problemas sociais seríssimos, sendo um dos maiores problemas o egoísmo. Defeito extremamente entranhado em inúmeras criaturas humanas, tem sido responsável pelos males que vivemos hoje. As criaturas que se encastelam no egoísmo aliado ao orgulho veem o outro, que deveria ser visto como alguém a ser amado e confraternizado, não como seu próximo, seu irmão, mas como um competidor, um rival, que está a qualquer momento pronto a querer lhe tirar o lugar para subir mais alto.
  Com tudo isso, pode se entender o porque da existência dos flagelos destruidores, que causam as provações coletivas, já que o homem muitas vezes estagna na ignorância, que é algo que Deus não quer, já que ele quer ver o progresso de todas as criaturas humanas, já que o progresso é lei da natureza, incluindo o progresso moral.
  Nenhuma criatura foi criada por Deus para fossilizar nas etapas primárias da evolução e por isso, deve-se agradecer a Deus pela dor, já que ele assim permite para que as pessoas possam crescer em sensibilidade, saindo das etapas da ignorância e da rudeza para despertar nelas a angelitude que nelas está latente, esperando apenas o momento propício para desenvolver-se. No caso da Terra, que é um planeta de expiação e provas, o sofrimento atua como um cinzel que extrai da pedra bruta o diamante que ela é.
  O homem muitas vezes, precisa passar por provações a nível coletivo para perceber a sua fragilidade e a sua pequenez diante do quão magnífico é o Cosmos e Deus, que é a inteligência que o criou, que o dá vida e o sustenta, o fomenta.
  É fato constatado da história humana que, depois de todas as grandes crises sociais, surgem depois uma era de harmonia e progresso. Essas crises servem para mostrar ao homem as consequências das ações maldosas cometidas perante o próximo, do qual cada um nesses momentos de comoção social é mais ou menos vítima.
  O homem precisa  conhecer a si mesmo, como já o dizia Sócrates na Grécia Antiga: "ó homem, conhece-te a ti mesmo!" Essa afirmação é de suma verdade e de suma importância, pois, a partir do momento que o homem compreende sua natureza de espírito imortal, sabendo para onde vai, de onde veio, o que ele é e o que veio fazer aqui no mundo ele começa a galgar degraus valiosos para a conquista da plenitude.
  Eis o papel das provações coletivas de uma maneira mais geral. Trata-se de meios para fazer que as coletividades humanas possam evoluir como um todo, coletividades essas que têm nesses momentos provacionais, sempre, um carma em comum, quando atingidas por tais comoções sociais.
  Basta de ignorância. Está chegando a hora em que o homem deve sair do seu imobilismo e de sua penúria moral e espiritual para atingir maiores estágios de solidariedade e evolução espiritual, já que a Terra está passando de mundo de expiação e provas para mundo de regeneração, que se caracteriza pelas criaturas possuírem a vontade e o ímpeto de quererem ser melhores sob o aspecto moral. Um mundo onde as pessoas estão atrás de deixarem de serem más para se tornarem boas, afetuosas e amáveis. Esse é o nível evolutivo de mundo de regeneração. Que possamos nos esforçar para vencer o imobilismo que toma conta de nossos corações e que vençamos o homem velho, carregado de paixões primitivas, para tornarmo-nos o homem novo, dotado de educação, respeito, amabilidade, afeto; enfim o homem dotado de beleza interior, onde as virtudes cristãs impregnam seu coração.
  Que a paz e a coragem do mestre Jesus possa nos munir de forças para nos melhorarmos moralmente nesse momento tão especial para quem anela por uma vida melhor e mais feliz, onde a caridade não será uma palavra vã, e a virtude seja um componente básico da vida humana.
  Muita paz.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Setenta vezes sete (a arte do perdão)

Antonio Augusto de Sá Neto




 Jesus em sua doutrina, sempre colocou o perdão como uma virtude essencial para a vida humana. Veremos nesse artigo o porque dessa extrema valorização e priorização do perdão pelo mestre nazareno Jesus Cristo.
 Veremos nesse artigo todos os argumentos favoráveis ao perdão segundo a medicina, o evangelho e a doutrina espírita.

1- A opinião da medicina sobre o perdão

  A medicina atualmente considera o perdão fundamental para a saúde, pois estudos médicos realizados no início da década de 2000 pelo Projeto Stanford para o perdão detectaram que o rancor produz toxinas e várias substâncias nocivas para a saúde, sendo esses compostos nocivos causas de pressão alta, prejuízos ao sistema nervoso, ao coração e à imunidade, além de causar transtornos estomacais (gástricos). O psicólogo Fred Luskin faz uma série de apontamentos sobre os efeitos maléficos do rancor. “O estudo mostrou que o ressentimento pode, a curto prazo, estressar o sistema nervoso”, conclui Luskin.
 Tal conclusão da medicina é bem fundamentada. Desde a mais remota antiguidade se tem percebido como as pessoas que perdoam são mais tranquilas, mais amáveis e principalmente mais espontâneas, leves e felizes. Além disso, desde tempos imemoriais se tem percebido que as pessoas que perdoam com facilidade são sempre dotadas de profunda sabedoria, sendo invariavelmente, profundamente amáveis e sábias. Sócrates, na Grécia já fazia várias citações sobre o efeito do perdão na saúde corporal do homem.
 Há toda uma vasta literatura atualmente sobre o quanto o perdão é benéfico à saúde tanto física como mental, sendo benéfico até para a saúde do organismo social quando praticado coletivamente. Vale citar o livro "O Poder do Perdão", de autoria de Fred Luskin; "Em Busca do Perdão: Descobrindo o Amor" de James Van Praagh; "Quem Ama não Adoece" de Marco Aurélio Dias da Silva, dentre inúmeros outros, todos esses livros são recomendáveis para quem quer entender mais a fundo os efeitos do perdão na saúde e no bem-estar social.
 A conclusão desse item é a seguinte: as pessoas que amam e perdoam possuem um estado de bem-estar e leveza que as pessoas odiosas, belicosas e rancorosas não possuem, já que vivem em um estado de inteira febre e desequilíbrio causados por esses sentimentos tão nocivos à saúde.
 Resumindo: o rancor e o ódio são atentados à saúde! Toda pessoa que quer desfrutar de paz e saúde deve libertar-se de tais sentimentos sem prestar-lhes qualquer consideração.

2- A opinião cristã sobre o perdão

 Jesus, o mestre da galileia, ressaltava o perdão constantemente. Ele o fazia dessa forma devido ao fato de que o não-perdão é a negação da doçura e misericórdia que ele tanto pregava. Sem dúvida também é indício da falta de um coração puro. Jesus, que tanto convidava as pessoas a serem pessoas puras de coração, não poderia jamais esquecer de exortar as pessoas a perdoar. Como se pode concluir além de colocar o perdão como um dos ensinamentos morais, Jesus também o fazia como uma questão de coerência com os demais ensinamentos que ele pregava e, principalmente praticava no dia-a-dia.
 Não foi por outro motivo que Jesus falava que se deve perdoar "setenta vezes sete" vezes, já que a base do cristianismo foi a transformação interior da criatura humana, a humanização, educação e moralização do ser humano. Esse é o objetivo da doutrina que Jesus pregou.
 Precisamos entender que não há coração puro desprovido da capacidade de perdoar, já que o ressentimento e o rancor são máculas, impurezas do coração.

3- O perdão segundo o espiritismo

 A Doutrina Espírita afirma que o perdão é fundamental para a saúde, já que demonstra que o ser humano é um emissor de energias que influencia a si mesmo e o meio à sua volta.
 Essa teoria afirma que o homem de pensamento desequilibrado desarticula o seu corpo físico e espiritual, já que o pensamento negativo e maldoso emite energias destrutivas, vibrações prejudiciais à saúde de qualquer ser vivo, já que desagregam a matéria, sendo o pensamento negativo e maldoso um destruidor do corpo físico. O ódio, o não perdão e o rancor estão dentre as energias de maior poder destrutivo.
 Além do mais deve-se ressaltar que o perdão é fundamental para a libertação da obsessão, seja causada pelo próprio indivíduo, a auto obsessão, como também a obsessão causada por agentes encarnados e desencarnados. Com o perdão e o amor ao próximo, com a evangelização do obsidiado, o obsessor, percebe a recuperação e o crescimento interior do mesmo, passando também a perdoá-lo havendo aí um crescimento de ambas as partes. Com a ausência do perdão, os ódios se eternizariam, em vez de acabar.
 Porém como o espiritismo é evolucionista, afirmando que tudo evolui no universo, há a certeza de que o espírito irá algum dia evoluir moralmente, abrindo-se efetivamente ao perdão.

 Conclusões

  Pode-se ver por aí que o perdão causa benefícios de grande envergadura para a criatura que o pratica, sendo uma condição sine qua non para a criatura que busca a evolução espiritual. O ódio e o rancor são elementos característicos de espíritos atrasados, desprovidos de sentimentos elevados e carentes de ideação superior. O perdão, ao contrário, indica sinal de progresso anterior da alma.
 Que nós, espíritas sinceros, possamos fazer do perdão um exercício espiritual e moral constante em nossas vidas. Jesus, nosso modelo e guia, afirma que devemos perdoar setenta vezes sete, expressão que significa indefinidamente. Que possamos efetivar o perdão em nossos corações.


Muita paz.