Tudo
corria como sempre, até aquela manhã das ondas gigantes, provocadas
pelo terremoto-maremoto, que se abateram sobre alguns países da Ásia
e África, matando mais de cem mil pessoas.
Tudo
sem novidade: homens trabalhando, mulheres cuidando dos filhos,
pobres lutando pelo pão de cada dia, turistas gastando seus ganhos,
armazéns, mercados shopings vendendo e colhendo lucros, lojas
fazendo ofertas, restaurantes e bares pondo à disposição seus
pratos saborosos, hotéis acolhendo ricos do mundo.Um dia depois do
outro, com diversões e lucros no meio.
Aí,
veio a onda gigante, sem olhos, sem coração, sem dó nem piedade,
engolindo tudo pela frente. Era o mundo desabando. Minutos depois, o
silêncio pesado da destruição, entrecortado por gritos de socorro,
pais chamando filhos, filhos chorando pelos pais, o horror da morte
esparramado pelo chão da hecatombe.
Seguiu-se
a segunda onda gigante: a onda da solidariedade. Todos ajudando
todos, sem distinção de cor, de país, de credo, de classe. O ser
humano socorrendo o ser humano.
Antes,
cada um na sua, ninguém de ninguém, o meu é meu, eu sou eu o outro
é não sei quem; agora, depois da onda que levou embora o egoísmo e
a exploração, o coração sensível, o gesto amoroso, o sacrifício
da ajuda, o esforço solidário, o desapego em favor dos
necessitados, o acolhimento aos desamparados.
Será
que é preciso uma onda gigante em cada rincão do mundo para o ser
humano voltar a ser humano?
Será
que é necessária uma imensa onda gigante sobre Brasília, o palácio
Piratini, os governos, os legislativos, para voltarem a sentir as
lágrimas e o suor causados pelo aumento de impostos?
Será
que a natureza, da qual as criaturas humanas fazem parte, terá que
mandar uma onda de 12 metros para dentro dos ministérios para que
sintam o clamor dos doentes, dos pobres, dos desempregados, dos que
querem estudar?
Era
emocionante saber que, no Sri Lanka, na Malásia, nas regiões
atingidas pelo maremoto, aquela pobre gente se desvelava em repartir
o pão, as roupas, os espaços da choupana para abrigar os
flagelados! Os táxis não cobravam nada, quem tinha saúde corria a
levantar escombros e salvar acidentados.
Então,
aconteceu o milagre: o mundo se comoveu. A solidariedade fez a volta
ao planeta e chegou até as regiões arrasadas. Aviões carregados de
alimentos, roupas, remédios, e voluntários aportaram às áreas
destruídas. A epopéia do amor.
É
por isso que jamais deveremos perder a esperança de um mundo melhor
e a fé no ser humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário