sábado, 8 de dezembro de 2012

A ONDA GIGANTE DE SOLIDARIEDADE - LAURO TREVISAN

Artigo sobre a solidariedade com as vítimas do tsunami ocorrido na Ásia e na África em 2005

Tudo corria como sempre, até aquela manhã das ondas gigantes, provocadas pelo terremoto-maremoto, que se abateram sobre alguns países da Ásia e África, matando mais de cem mil pessoas.
Tudo sem novidade: homens trabalhando, mulheres cuidando dos filhos, pobres lutando pelo pão de cada dia, turistas gastando seus ganhos, armazéns, mercados shopings vendendo e colhendo lucros, lojas fazendo ofertas, restaurantes e bares pondo à disposição seus pratos saborosos, hotéis acolhendo ricos do mundo.Um dia depois do outro, com diversões e lucros no meio.
Aí, veio a onda gigante, sem olhos, sem coração, sem dó nem piedade, engolindo tudo pela frente. Era o mundo desabando. Minutos depois, o silêncio pesado da destruição, entrecortado por gritos de socorro, pais chamando filhos, filhos chorando pelos pais, o horror da morte esparramado pelo chão da hecatombe.
Seguiu-se a segunda onda gigante: a onda da solidariedade. Todos ajudando todos, sem distinção de cor, de país, de credo, de classe. O ser humano socorrendo o ser humano.
Antes, cada um na sua, ninguém de ninguém, o meu é meu, eu sou eu o outro é não sei quem; agora, depois da onda que levou embora o egoísmo e a exploração, o coração sensível, o gesto amoroso, o sacrifício da ajuda, o esforço solidário, o desapego em favor dos necessitados, o acolhimento aos desamparados.
Será que é preciso uma onda gigante em cada rincão do mundo para o ser humano voltar a ser humano?
Será que é necessária uma imensa onda gigante sobre Brasília, o palácio Piratini, os governos, os legislativos, para voltarem a sentir as lágrimas e o suor causados pelo aumento de impostos?
Será que a natureza, da qual as criaturas humanas fazem parte, terá que mandar uma onda de 12 metros para dentro dos ministérios para que sintam o clamor dos doentes, dos pobres, dos desempregados, dos que querem estudar?
Era emocionante saber que, no Sri Lanka, na Malásia, nas regiões atingidas pelo maremoto, aquela pobre gente se desvelava em repartir o pão, as roupas, os espaços da choupana para abrigar os flagelados! Os táxis não cobravam nada, quem tinha saúde corria a levantar escombros e salvar acidentados.
Então, aconteceu o milagre: o mundo se comoveu. A solidariedade fez a volta ao planeta e chegou até as regiões arrasadas. Aviões carregados de alimentos, roupas, remédios, e voluntários aportaram às áreas destruídas. A epopéia do amor.
É por isso que jamais deveremos perder a esperança de um mundo melhor e a fé no ser humano.

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